Fibromialgia: Entendendo a Síndrome, Sintomas e Abordagens de Tratamento

Introdução

A fibromialgia (FM) é uma síndrome clínica caracterizada por dor musculoesquelética generalizada, associada a fadiga persistente, distúrbios do sono e sintomas cognitivos e emocionais. Trata-se de uma condição crônica e complexa, cuja origem envolve alterações na forma como o sistema nervoso central processa a dor.

Prevalência no Brasil

Dados populacionais da pesquisa sobre dor crônica no Brasil identificaram 13 casos com diagnóstico de fibromialgia entre os entrevistados, representando 2% da amostra. A maioria era do sexo feminino (n=11), com média de idade de 35,8 anos. Os sintomas mais frequentes incluíram dor constante, impacto no sono, irritabilidade, interferência no trabalho e atividades sociais, e sintomas de tristeza ou depressão.

Sintomas Principais

  • Dor difusa e persistente: A dor é difícil de localizar, podendo ser descrita como “na carne” ou “nos ossos”.
  • Sensibilidade ao toque: Muitos pacientes não toleram abraços ou contatos leves.
  • Distúrbios do sono: Sono superficial e não reparador afeta até 95% dos pacientes.
  • Fadiga intensa: Relacionada ao sono de má qualidade e baixa tolerância ao esforço.
  • Alterações cognitivas: Dificuldades de memória e concentração são comuns.
  • Comorbidades: Síndrome do intestino irritável, bexiga sensível, cefaleias, síndrome das pernas inquietas e apneia do sono podem coexistir.

Diagnóstico

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, baseado em:

  • Presença de dor generalizada há mais de três meses
  • Sensibilidade em múltiplos pontos anatômicos

Critérios diagnósticos formais são úteis, especialmente em pesquisas, mas a avaliação clínica individualizada continua sendo essencial. Exames laboratoriais podem ser solicitados para excluir outras causas de dor difusa, mas não confirmam o diagnóstico.

Causas e Mecanismo

A fibromialgia não tem uma causa única conhecida. Estudos apontam para uma amplificação central da dor: o cérebro de pessoas com FM reage de forma exagerada a estímulos dolorosos. Traumas físicos, emocionais ou infecções podem desencadear o quadro em indivíduos predispostos.

Com o avanço da neuroimagem funcional, comprovou-se que os pacientes realmente sentem a dor relatada, apesar da ausência de lesões nos tecidos periféricos. A dor da fibromialgia é, portanto, “real”, mas de origem neurossensorial.

Tratamento

O tratamento da fibromialgia deve ser multimodal e individualizado, envolvendo abordagens farmacológicas e não farmacológicas:

Estratégias não farmacológicas

  • Educação do paciente
  • Exercício físico supervisionado (aeróbico e fortalecimento)
  • Terapias cognitivas e comportamentais
  • Acupuntura, massoterapia e fisioterapia funcional
  • Higiene do sono e manejo do estresse

Tratamentos farmacológicos

  • Antidepressivos (como duloxetina ou amitriptilina)
  • Anticonvulsivantes (como pregabalina)
  • Analgésicos (em alguns casos, com cautela)

É fundamental evitar polifarmácia ou tratamentos não baseados em evidência.

Abordagem Integrada

A melhora do paciente com FM depende de uma abordagem centrada no indivíduo, com participação ativa no processo terapêutico. O apoio de uma equipe multiprofissional — médicos, fisioterapeutas, psicólogos e educadores físicos — é essencial para promover qualidade de vida e funcionalidade.

Considerações Finais

A fibromialgia é uma síndrome complexa, mas tratável. O reconhecimento da legitimidade da dor do paciente, aliado a estratégias terapêuticas baseadas em evidências e centradas na pessoa, é o primeiro passo para um cuidado de qualidade.

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