Sarcopenia

Estudo brasileiro aponta Sarcopenia em idosos

Síndrome atinge cerca de 14% dos indivíduos acima de 60 anos e está ligada à perda da musculatura, da força e à piora do desempenho muscular

Mais do que viver mais, hoje em dia, espera-se viver melhor – e um cuidado extra com a saúde nas faixas consideradas mais frágeis, como a terceira idade, se faz fundamental. O envelhecimento está associado a várias patologias já conhecidas, como osteoporose e cardiopatias. Porém, existe uma síndrome também associada ao envelhecimento, mas pouco conhecida da população, chamada Sarcopenia.
Ela está ligada à perda da musculatura, da força e à piora do desempenho muscular, o que torna os idosos mais fragilizados, prejudicando seu estilo de vida e tornando-os mais dependentes da ajuda de terceiros, além de facilitar o surgimento de comorbidades clínicas.
Do surgimento do termo – em 1989 – até os dias atuais, diferentes autores e grupos de estudos propuseram diferentes definições. A mais aceita atualmente foi estabelecida em 2010, pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP). Definiram a sarcopenia como uma síndrome, caracterizada pela perda progressiva e generalizada de massa muscular associada com a perda de força muscular e/ou performance. Para o diagnóstico preciso, sugeriram a adoção de métodos de mensuração da massa muscular, testes de força e testes de performance muscular.
Essa definição é adequada no sentido de diferenciar a perda muscular de suas repercussões sistêmicas; ou seja, o momento em que o fisiológico torna-se patológico.
O mesmo grupo, ainda, propôs a categorização da sarcopenia em três subtipos: pré-sarcopenia (quando se observa apenas perda de massa muscular); sarcopenia (quando a perda de massa muscular é acompanhada de perda de força ou de performance muscular); e sarcopenia grave, quando se observa perda de massa muscular, de força e de performance muscular.
Estudo brasileiro – A prevalência de sarcopenia, ou seja, quantas pessoas são afetadas por ela em uma determinada faixa da população, despertou o interesse do, à época, mestrando em Epidemiologia, Thiago Gonzalez Barbosa e Silva, que desenvolveu um estudo sobre o tema na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul. O estudo fez parte do projeto de pesquisa de mestrado COMO VAI? (Consórcio de Mestrado Orientado para a Valorização da Saúde do Idoso), desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia (PPGE) da Universidade Federal de Pelotas, em 2014.
Para ir mais a fundo na pesquisa e avaliar a massa muscular, adiposa e a densidade óssea desses idosos, o mestrando coordenou um subestudo referente à composição corporal. Para tal, convidou alguns dos idosos participantes do COMO VAI? A visitarem a Clínica do Centro de Pesquisas Dr. Amílcar Gigante, sede do PPGE. Lá, foram realizados exames como medidas antropométricas, aferição da espessura do músculo adutor do polegar (MAP), ultrassonografia, bioimpedância elétrica e a absorciometria de duplo feixe (DXA).
Utilizando os critérios estabelecidos pelo European Working Group on Sarcopenia in Older People (análise da massa, força e performance musculares), os 1291 idosos elegíveis do estudo COMO VAI? Foram categorizados em normais, pré-sarcopênicos, sarcopênicos ou sarcopênicos graves.
Juntando dados do subestudo e do consórcio de pesquisa COMO VAI? foi possível determinar que a sarcopenia atinge aproximadamente 14% dos indivíduos de 60 anos ou mais da cidade. Ainda, foi identificado que aproximadamente um em cada 10 idosos encontram-se em risco para o desenvolvimento da síndrome, no chamado estágio pré-clínico da síndrome (pré-sarcopenia). Nesse estágio, o acompanhamento nutricional e a prática supervisionada de exercícios físicos são capazes de impedir ou retardar seu desenvolvimento, reforçando a importância de sua identificação precoce.
Ainda, foi realizada análise de frequência de variáveis relacionadas ao desfecho. Como principais resultados, pode-se apontar a definição de pontos de corte da circunferência da panturrilha de 34cm para homens e 33cm para mulheres (para o estabelecimento de perda de massa muscular); a identificação do agravamento da sarcopenia com a idade, e uma maior ocorrência da síndrome em idosos com pouca ou nenhuma escolaridade, menor nível econômico, sem companheiro (a), fumantes e fisicamente inativos.
Esses são dados importantes que definem a faixa etária em que políticas de saúde pública devem direcionar seus esforços a fim de evitar a progressão da síndrome para as fases clínicas.
associados no âmbito da América do Sul, e espera-se que influencie políticas públicas referentes à população idosa nos próximos anos. Tendo em mente o bem-estabelecido envelhecimento progressivo da população mundial, verifica-se outra importante razão na difusão do tema: o potencial de aplicabilidade na qualidade de vida de uma parcela da população cada vez mais prevalente.

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