Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e o Joelho

O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos do corpo, incluindo pele, rins, pulmões, sistema nervoso e, especialmente, as articulações. No LES, o sistema imunológico ataca equivocadamente estruturas saudáveis do corpo, desencadeando processos inflamatórios que, com o tempo, podem comprometer o funcionamento de diversos sistemas. Leia sobre outras patologias degenerativas do joelho.

Essa condição afeta principalmente mulheres em idade fértil, mas pode acometer pessoas de todas as idades e sexos. Os sintomas variam muito de um paciente para outro, o que pode tornar o diagnóstico um desafio, exigindo avaliação criteriosa e acompanhamento multidisciplinar.

No contexto ortopédico, o lúpus costuma se manifestar com dores articulares, rigidez matinal e episódios de inflamação (artrite) que frequentemente afetam articulações como as dos joelhos, punhos e mãos. Por isso, o acompanhamento com um especialista em joelho torna-se fundamental quando há envolvimento articular.

Manifestações Articulares do Lúpus

As manifestações musculoesqueléticas são uma das formas mais comuns de apresentação do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), afetando mais de 90% dos pacientes em algum momento da doença. Entre essas manifestações, destacam-se a artralgia (dor articular) e a artrite (inflamação articular), que podem afetar tanto pequenas quanto grandes articulações — sendo o joelho uma das articulações frequentemente acometidas.

Ao contrário da artrite reumatoide, a artrite do LES não costuma causar deformidades articulares permanentes, embora possa comprometer significativamente a qualidade de vida se não tratada adequadamente. Em muitos casos, os pacientes relatam dor bilateral, inchaço leve e rigidez, principalmente pela manhã ou após longos períodos de repouso.

Principais características da artrite lúpica:

  • Não deformante: geralmente não provoca alterações estruturais irreversíveis.
  • Intermitente: os sintomas podem surgir em surtos, intercalados por períodos de remissão.
  • Simétrica: geralmente afeta ambos os lados do corpo de forma semelhante.
  • Com ou sem sinais inflamatórios evidentes: nem sempre há vermelhidão ou calor nas articulações afetadas.

Além da artrite, o lúpus pode ocasionar condições como tenossinovite (inflamação dos tendões) e síndrome miofascial, que também contribuem para a dor e a limitação de movimento.

Quando os joelhos são afetados, os pacientes podem apresentar:

  • Dor ao caminhar ou subir escadas;
  • Sensação de instabilidade;
  • Inchaço localizado;
  • Dificuldade para realizar atividades simples do dia a dia, como agachar-se ou levantar-se de uma cadeira.

Diagnóstico das Manifestações Articulares no LES

O diagnóstico das manifestações articulares no Lúpus Eritematoso Sistêmico requer uma abordagem clínica detalhada e o uso criterioso de exames complementares. Como o LES pode mimetizar outras doenças reumáticas — especialmente a artrite reumatoide — é fundamental diferenciar corretamente os quadros articulares para direcionar o tratamento adequado.

Avaliação clínica

O primeiro passo é uma avaliação minuciosa dos sintomas:

  • Presença de dor, rigidez matinal e inchaço articular;
  • Distribuição das articulações afetadas (se simétrica, bilateral, migratória);
  • Duração e padrão dos episódios inflamatórios.

Durante a consulta, o ortopedista avalia sinais como:

  • Limitação de movimento articular;
  • Presença de derrame articular (líquido no joelho);
  • Sensibilidade à palpação e crepitações.

Exames complementares

Exames laboratoriais:

  • FAN (fator antinuclear) – frequentemente positivo em pacientes com LES;
  • Anti-DNA e anti-Sm – marcadores específicos da doença;
  • VHS e PCR – indicam atividade inflamatória.

Exames de imagem:

  • Radiografia do joelho: geralmente não mostra erosões ósseas nas fases iniciais;
  • Ultrassonografia articular: detecta inflamação e derrame articular;
  • Ressonância magnética: indicada em casos mais complexos.

O diagnóstico definitivo do LES exige a correlação entre sintomas clínicos, exames laboratoriais e critérios reumatológicos internacionais, geralmente realizados com o apoio de um reumatologista.

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Tratamento das Manifestações Articulares do LES

O tratamento das manifestações articulares do LES tem como objetivo controlar a inflamação, aliviar os sintomas e preservar a função das articulações afetadas — especialmente nos casos que envolvem grandes articulações, como o joelho.

1. Medicamentos

  • AINEs: para dor e inflamação (ex: ibuprofeno, naproxeno);
  • Corticosteroides: doses baixas ou infiltrações articulares;
  • Antimaláricos (hidroxicloroquina): para controle da atividade inflamatória sistêmica;
  • Imunossupressores e biológicos: usados em casos moderados a graves (ex: metotrexato, azatioprina).

2. Fisioterapia e Reabilitação

  • Exercícios para mobilidade e força muscular;
  • Técnicas para reduzir dor e melhorar a marcha;
  • Adaptação da atividade física à fase da doença.

3. Cuidados gerais

  • Evitar sobrecarga em fases ativas da doença;
  • Uso de joelheiras ou órteses, se indicado;
  • Monitoramento da saúde óssea em uso prolongado de corticoides;
  • Acompanhamento multidisciplinar.

Papel do Ortopedista no Manejo do LES

Embora o LES seja uma condição sistêmica frequentemente gerenciada por reumatologistas, o ortopedista tem um papel importante no cuidado das manifestações musculoesqueléticas, sobretudo quando há envolvimento articular significativo.

Quando procurar um ortopedista?

  • Dor articular persistente;
  • Inchaço articular ou limitação de movimento;
  • Suspeita de lesão mecânica associada;
  • Necessidade de infiltração;
  • Avaliação cirúrgica em casos graves.

Ações do ortopedista:

  • Diagnóstico diferencial entre dor inflamatória e mecânica;
  • Tratamento conservador e fisioterapia;
  • Procedimentos como punção articular;
  • Acompanhamento funcional e prescrição de adaptações.

 Conclusão

O Lúpus Eritematoso Sistêmico é uma doença complexa com impactos significativos na saúde articular. A presença de dor, inchaço ou rigidez no joelho deve ser avaliada com atenção por um ortopedista especializado, garantindo diagnóstico preciso e tratamento adequado.

Se você tem LES e sente desconforto no joelho, agende uma consulta com o Dr. Otávio Melo. O cuidado certo pode preservar sua mobilidade e qualidade de vida.

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O Autor

Dr. Otávio Melo é médico ortopedista especialista em joelho na cidade de Belo Horizonte. Com uma abordagem que integra tratamentos inovadores e tecnológicos para a saúde ortopédica, atua na prevenção e tratamento de lesões.

Buscando sempre soluções menos invasivas e focadas na recuperação completa dos pacientes, sua experiência em medicina regenerativa é um diferencial para quem busca resultados duradouros.

Curriculum Resumido

  • Medicina – Faculdade de Ciências Médicas – Belo Horizonte – MG
  • Especialização em Cirurgia do Joelho – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
  • Pós Graduação – Dr. Lair Ribeiro
  • Mestrado em Medicina – Santa Casa de Belo Horizonte
  • Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (Creditos) – UNIFESP 
  • Medicina Funcional Integrativa – Dr. Victor Sorrentino
  • Clínica da Dor – Hospital das Clínicas da UFMG
  • Medicina Regenerativa – UNICAMP
  • Fellowship em Cirurgia do Joelho – Hôpital de La Croix Rousse – Lyon – França
  • Residência em Ortopedia e Traumatologia – SBOT/MEC – Brasília-DF
  • Técnico em Química – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
  • SBOT – Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
  • SBRATE – Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte
  • SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício
  • SBCJ – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
  • SMBTOC – Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque
  • SBPML – Sociedade Brasileira de Perícias Médicas e Medicina Legal
  • ESSKA – European Society of Sports Traumatology, Knee Surgery and Arthroscopy
  • ISAKOS – International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine
  • ICRS – International Cartilage Repair Society
  • AAOS – American Academy of Orthopaedic Surgeons
  • ABOOM – Associação Brasileira Ortopédica de Osteometabolismo
  • ABPMR – Associação Brasileira de Pesquisa em Medicina Regenerativa
  • SBRET – Sociedade Brasileirta de Regeneração Tecidual
  • SBLMC – Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia
  • ABUM – Associação Brasileira de Ultrassonografia Musculoesquelética
  • CEO do Instituto Regenius
  • Médico Ortopedista 
  • Segundo-Tenente Médico do Exército Brasileiro (R/2)
  • Ex-Professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
  • Ex-Professor da Faculdade de Ciências Médias de Minas Gerais (CMMG) – Belo Horizonte / MG
  • Ex-Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)