Até o início do século XX, o desenvolvimento da química orgânica para a produção de medicamentos era um tanto quanto limitado, e, mesmo depois de uma grande evolução, esses recursos continuaram inacessíveis para uma parcela significativa da população. Caros e restritos, os fármacos chegavam apenas para os privilegiados.
Como alternativa, a cura e o alívio de sintomas da maior parte das pessoas eram retirados diretamente da natureza. A medicina tradicional carregou, através das gerações, um conhecimento milenar sobre as plantas medicinais e como elas podem ser utilizadas como paliativos e curativos.
Até hoje, mesmo com uma maior popularização dos medicamentos sintetizados em laboratório, o uso de plantas tradicionais prevalece e é mais do que uma tradição. Chás, extratos, tinturas e óleos estão entre os produtos naturais adotados como alternativas aos fármacos.
Mas será que tal sabedoria popular realmente funciona? As propriedades medicinais de determinadas plantas são reais ou apenas placebo? Neste post, vamos falar sobre o assunto e esclarecer as questões apresentadas.
Reconhecimento da eficácia das plantas medicinais
As plantas medicinais são um elemento importante na medicina tradicional desde muito antes do surgimento da medicina científica. Existem evidências de que, por volta de 1.500 a.C., a cúrcuma (Curcuma longa) já era utilizada na Índia por conta dos seus efeitos anti-inflamatórios.
Ao longo dos séculos seguintes, foram realizadas diversas pesquisas sobre a eficiência desses tratamentos holísticos, mas a consideração oficial da prática só veio na década de 1970, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu a importância de tais recursos.
Em 2003, o mesmo órgão publicou as linhas de orientação para Monitorização e Farmacovigilância de Plantas Medicinais, admitindo, mais uma vez, o valor do seu uso e a necessidade de seu controle.
Tais diretrizes vão ao encontro dos números que constatam que 80% da população de países em desenvolvimento recorrem a tratamentos naturais, sendo que 85% destes se utilizam das plantas medicinais.
No Brasil, a diversidade vegetal contribuiu para uma infinidade de tratamentos, e a primeira catalogação de plantas medicinais data de 1926, inclusive com descrições microscópicas.
A comprovação das propriedades de muitas espécies surgiram em estudos consistentes, e o resultado foi a criação da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, um estímulo ao uso acompanhado desses produtos na atenção básica à saúde.
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por regulamentar tanto o uso de plantas como de fitoterápicos. No Memento Fitoterápico, estão reunidas todas as espécies com efeitos reconhecidos pelo órgão, as suas aplicações e os principais estudos acerca das propriedades.
Será que produtos naturais são sempre seguros?
A crença de que o uso de produtos naturais está isento de perigo é enganosa. A ingestão ou aplicação de qualquer substância, seja ela obtida a partir de uma planta medicinal, seja de um medicamento fitoterápico, não está livre de riscos. Além de alergia a princípios ativos e demais componentes, existem contraindicações e a possibilidade de intoxicação.
Os fitoterápicos, como constituem uma classe de medicamentos, devem ser prescritos por um profissional de saúde, uma vez que a composição de origem vegetal não elimina os perigos da automedicação. Já o uso de plantas medicinais é livre, no entanto, requer precaução, pois a erva deve ser de origem confiável e não substituir outros tratamentos sem orientação médica.
Veja o que considerar ao fazer uso de plantas medicinais e seus derivados.
Adquira a planta a ser utilizada em um local confiável
Assim como é importante verificar a origem dos alimentos consumidos, o mesmo deve ser feito com as plantas medicinais. Os vegetais ou as partes deles que serão utilizadas devem estar em excelentes condições e bem conservadas. Devido à possibilidade de contaminação microbiológica, não se recomenda a compra desses produtos em feiras ao ar livre e mercados.
O local que fornecer a planta deverá oferecer garantias sobre a sua origem, pois a confusão com outra espécie pode ser desastrosa.
O mesmo cuidado deve ser considerado no que diz respeito ao uso de fitoterápicos. A produção e comercialização desses medicamentos no Brasil são regulamentadas pela Anvisa, mas existem fármacos adquiridos por meio da internet que podem representar uma verdadeira ameaça à saúde.
Esses remédios podem estar contaminados com metais pesados, como chumbo e arsênio, ou, ainda, misturados a extratos de plantas tóxicas. Portanto, por mais natural que pareça o produto, só deve ser adquirido com indicação clínica e em pontos de venda idôneos.
Tenha atenção a dosagens e interações medicamentosas
Para que os efeitos medicinais da planta entrem em ação, é necessário que a sua ingestão ou aplicação seja em dose adequada. Com o vegetal na sua forma original, é difícil ter mais precisão em relação a quantidades, no entanto, qualquer exagero deve ser descartado, sob pena da ocasião de efeitos adversos.
Além disso, o princípio ativo da planta pode interagir com determinados medicamentos e potencializar ou anular o efeito deles. Portanto, antes de iniciar qualquer tratamento natural, é crucial se informar sobre a possibilidade de influência sobre o fármaco sintético.
Contraindicações
Algumas plantas medicinais também têm contraindicações e o seu uso não é recomendado a pacientes portadores de determinadas condições, grávidas, mulheres que estejam amamentando ou crianças. Um exemplo disso é a casca do salgueiro (Salix Alba), que não pode ser utilizada por crianças com menos de 12 anos pelo risco de desenvolverem a Síndrome de Reye.
É fundamental, ainda, saber a forma correta de se utilizar cada planta; algumas devem ser consumidas em forma de chá após infusão ou decocção e outras não podem ser ingeridas, mas sim aplicadas na pele.
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Referências Legais
Resolução CFM 1974/11 – Artigo 8º
Despacho CFM 143/19 – Artigo 75
Lei de Liberdade Econômica 13874/19 – Artigo 4º, Inciso VIII c/c Artigo 5º
Responsáveis Técnicos
Dr. Otávio de Melo Silva Júnior – Médico Ortopedista – CRMMG 41116 – RQE 25306
Dra. Lorena Nunes – Enfermeira – COREN 375466 – ENF
Dra. Glauciane Rezende – Fisioterapeuta – CREFITO-4 224282-F