Nano Fat Grafting (Enxerto de Gordura) no Joelho: o que é, indicações, resultados e segurança

O nanofat é uma das opções dentro de infiltrações e infusões no joelho, pense no nanofat como uma “versão líquida” da sua própria gordura, preparada para ser aplicada no joelho com objetivo terapêutico.

Como funciona, na prática:

  • Coleta mínima: retira-se uma pequena quantidade de gordura de áreas como abdômen ou flancos, com anestesia local (tipo a usada no consultório do dentista).

  • Processamento: essa gordura é delicadamente filtrada e “batida” entre seringas até virar um líquido bem fininho (nanofat). Essa etapa não é para aumentar volume, mas para concentrar componentes úteis da própria gordura.

  • Aplicação no joelho: o nanofat é injetado dentro da articulação, geralmente guiado por ultrassom para precisão. É um procedimento ambulatorial: você vai para casa no mesmo dia.

O que o nanofat NÃO é:

  • Não é “preenchimento de gordura” para dar volume (como na face).

  • Não é ácido hialurônico (o “gel lubrificante”).

  • Não é PRP (plasma do sangue).
    Ele pertence a um grupo de terapias biológicas autólogas (feitas do seu próprio corpo) que buscam modular a inflamação e aliviar sintomas.

Perguntas comuns:

  • Vai deixar cicatriz? Geralmente, só pequenos furinhos de agulha na área de coleta.

  • Dói? Pode haver sensibilidade na área doadora e peso/rigidez no joelho por alguns dias; analgésicos simples costumam bastar.

  • Quantas sessões? Varia conforme o caso; muitas vezes 1 sessão é feita e os resultados são reavaliados ao longo dos meses.

Como o nanofat pode ajudar no joelho?

Dentro do joelho com artrose/lesão de cartilagem há um processo inflamatório que piora a dor e a rigidez. O nanofat leva substâncias naturais presentes na sua própria gordura (como moléculas sinalizadoras e células de suporte do tecido conjuntivo) que podem:

  • Abrandar a inflamação da sinóvia (o “revestimento” interno da articulação), o que tende a reduzir a dor;

  • Melhorar o ambiente articular, ajudando na qualidade do movimento e no conforto para as atividades do dia a dia;

  • Trabalhar em conjunto com fisioterapia e fortalecimento, potencializando os ganhos funcionais.

O que esperar (e em quanto tempo):

  • Algumas pessoas sentem alívio em semanas; outras notam melhora de forma gradual ao longo de 1–3 meses.

  • A resposta varia conforme o grau da artrose, condicionamento muscular, peso corporal e adesão à reabilitação.

O que o nanofat não faz (para ajustar expectativas):

  • Não “reconstrói” cartilagem da noite para o dia.

  • Não substitui cirurgia quando ela é claramente indicada (por exemplo, certos casos avançados ou com instabilidade).

  • Não dispensa o plano multimodal: controle do peso, fortalecimento, ajustes de atividade e, quando necessário, outras terapias do próprio protocolo do especialista.

Para quem é indicado?

  • Artrose (osteoartrite) leve a moderada do joelho que não melhorou o suficiente com medidas conservadoras (perda de peso, fisioterapia, analgésicos, mudanças de atividade).

  • Pode ser considerado em alguns casos de lesões de cartilagem, como parte de uma estratégia combinada de tratamento definida pelo especialista.

Quem não deve fazer: quem tem infecção ativa, doenças sem controle (ex.: cardíacas, metabólicas), problemas de coagulação não tratados, alergia a anestésicos locais ou condições que impeçam a lipoaspiração e a infiltração articular.

Importante: o nanofat não substitui cirurgia quando ela é claramente necessária. Ele pode ser uma opção autóloga (do próprio paciente) dentro de um plano individualizado, decidido após consulta com o ortopedista especialista em joelho.

AGENDE SUA CONSULTA

Evidências científicas – onde estamos hoje

  • Revisões recentes (2025): apontam o nanofat como intervenção promissora para osteoartrite (OA) de joelho, com alívio de dor e melhora funcional em curto/médio prazo. A segurança aparece favorável, mas ainda faltam ensaios randomizados maiores, protocolos padronizados de preparo/dose e seguimento longo. PubMed

  • Contexto da classe (adipoderivados): meta-análises e revisões sobre SVF/ADMSC intra-articular mostram melhora clínica e boa segurança, reforçando a plausibilidade biológica do grupo, embora nem sempre distinguindo nanofat de outras preparações. PubMed

  • Comparativos relevantes: em RCT, mFAT (Lipogems) foi equivalente ao PRP em 12 meses para OA de joelho, sugerindo que produtos adipoderivados mecanicamente processados podem ter eficácia semelhante a terapias já difundidas—mas isso não substitui a necessidade de RCTs específicos para nanofat. SAGE Journals

  • Ensaios em andamento: o programa ARISE (IDE/FDA) para microgordura (MicroFat) em OA de joelho está avançado, o que deve ampliar a base de evidências da classe nos próximos anos. Lipogems

Como é feito o procedimento?

  1. Coleta (lipoaspiração de pequena área): retirada autóloga de gordura sob anestesia local (ex.: abdômen/flanco).

  2. Processamento mecânico (emulsificação/filtração): o lipoaspirado passa por idas e vindas entre seringas e por filtros, quebrando os lóbulos de gordura e gerando uma suspensão muito fluida — o nanofat — rica em componentes da fração vascular estromal (SVF) e com poucos adipócitos viáveis.

  3. Injeção intra-articular guiada: o nanofat é injetado no joelho (geralmente sob ultrassom), em ambiente ambulatorial.

  4. Pós-procedimento: compressão na área doadora, gelo, analgesia simples e retorno gradual às atividades; fisioterapia costuma ser associada conforme quadro clínico.

Nota técnica: o nanofat não é o mesmo que mFAT/Lipogems (que preserva mais tecido adiposo) nem que SVF enzimática (isolada com enzimas). A via mecânica do nanofat prioriza uma suspensão “biológica/parácrina” altamente injetável.

Riscos e efeitos colaterais

Todo procedimento médico tem possíveis efeitos. No nanofat, eles costumam ser leves e temporários, especialmente quando feito por equipe experiente.

Mais comuns (geralmente passam em poucos dias):

  • Dor, inchaço ou roxinho na área onde a gordura foi coletada (abdômen/flanco).

  • Peso, rigidez ou dor leve no joelho infiltrado nas primeiras 48–72h.

  • Sensibilidade local e discreto calor na pele.

Menos comuns (exigem atenção médica):

  • Infecção na área doadora ou no joelho (vermelhidão intensa, febre, secreção).

  • Sangramento/hematoma importante na área de coleta.

  • Reação alérgica a medicamentos usados no preparo (ex.: anestésico local).

Como reduzimos riscos: técnica estéril, coleta mínima e cuidadosa, ultrassom para guiar a infiltração e orientações claras de cuidados no pós-procedimento.

Quando avisar o médico imediatamente: febre, dor que só piora, inchaço acentuado e quente, secreção, dormência persistente ou qualquer sintoma que preocupe você.

Nanofat x outras infiltrações: qual é a diferença?

Há várias opções “injetáveis” para dor no joelho. Cada uma tem lógica e momento de uso. De forma simples:

  • Nanofat (enxerto de gordura “líquida”)

    • O que é: sua própria gordura processada até ficar fluida, rica em componentes que modulam inflamação.

    • Quando considerar: artrose leve a moderada; pode ser associado à reabilitação.

    • Pontos fortes: autólogo, efeito biológico; pode ajudar dor e função.

    • Limites: ainda em consolidação de evidências e padronização (dose/preparo).

  • mFAT / Lipogems (microgordura)

    • O que é: gordura mecanicamente fragmentada, mais “tecidual” que o nanofat.

    • Pontos fortes: literatura clínica maior em joelho; some melhora de dor e função.

    • Limites: também depende de técnica e seleção do paciente.

  • PRP (plasma rico em plaquetas)

    • O que é: concentrado do seu próprio sangue com plaquetas e fatores de crescimento.

    • Pontos fortes: amplamente usado; bom perfil de segurança.

    • Limites: resposta variável; pode precisar de série de aplicações.

  • Ácido hialurônico (viscosuplementação)

    • O que é: um “gel” que lubrifica a articulação.

    • Pontos fortes: melhora sintomática de curto a médio prazo em muitos casos.

    • Limites: não atua diretamente na modulação inflamatória como terapias biológicas.

Qual escolher?
Depende do seu exame físico, grau de artrose, idade, expectativas, tempo de recuperação e histórico de tratamentos. Em alguns casos, o médico pode combinar terapias ao longo do tempo, sempre com reavaliações.

Expectativas, reabilitação e retorno às atividades

O objetivo é reduzir dor, ganhar função e voltar às atividades com segurança. Para isso, o plano inclui procedimento + reabilitação.

Pós-procedimento (primeiras semanas):

  • Primeiros 2–3 dias: gelo, elevação e analgésicos simples se necessário. Pode haver peso/rigidez no joelho.

  • Área doadora: curativo simples; evite pressão direta intensa por alguns dias.

  • Movimento: iniciar movimentos leves conforme orientado (não é repouso absoluto).

Reabilitação (semanas 1–6):

  • Fisioterapia guiada: foco em mobilidade, fortalecimento do quadríceps e glúteos e controle motor.

  • Atividades do dia a dia: retomar gradualmente; subir escadas com técnica; evitar picos de carga.

  • Dor como guia: pequenos desconfortos são esperados; dor forte e persistente é sinal para reduzir a carga e avisar a equipe.

Retorno ao exercício (semanas 4–12):

  • Baixo impacto primeiro (bicicleta, elíptico, hidroginástica, caminhada progressiva).

  • Impacto moderado apenas com liberação do médico/fisio e se joelho estiver estável e pouco doloroso.

  • Esporte/corrida: caso a caso; exige força e controle adequados sem reações inflamatórias.

Sinais de boa evolução:

  • Dor diminuindo ao longo das semanas.

  • Mais confiança para atividades do dia a dia.

  • Melhor amplitude de movimento e força mensuradas na fisioterapia.

Consultas de acompanhamento: servem para medir a resposta, ajustar o treino, discutir se faz sentido repetir ou associar outras terapias e planejar o longo prazo (peso, condicionamento, hábitos).

Resumo prático: o nanofat ajuda a “acalmar” a articulação; quem melhor evolui costuma seguir um programa de fisioterapia, controlar peso e progredir carga com orientação. Ajuste de expectativas e constância são parte do tratamento.

Por que consultar um ortopedista especialista em joelho?

Consultar um ortopedista especialista em joelho garante uma avaliação completa do seu caso, com diagnóstico preciso, escolha adequada de exames e classificação do grau de artrose ou lesão. Com essa visão integral, o médico define se o nanofat é realmente indicado ou se outra terapia (PRP, mFAT/Lipogems, ácido hialurônico, cirurgia) trará mais benefício, sempre respeitando contraindicações e objetivos pessoais (dor, função, retorno às atividades).

O Dr. Otávio Melo conduz um plano de tratamento estruturado, que inclui a aplicação quando indicada, reabilitação guiada, progressão segura de carga e acompanhamento por métricas (dor e função). Nas revisões, ele ajusta o caminho — repetir, combinar ou trocar a terapia — com segurança, transparência e expectativas realistas, integrando fisioterapia e outras áreas quando necessário para maximizar resultados e manter os ganhos no longo prazo.

O Autor

Dr. Otávio Melo é médico ortopedista especialista em joelho na cidade de Belo Horizonte. Com uma abordagem que integra tratamentos inovadores e tecnológicos para a saúde ortopédica, atua na prevenção e tratamento de lesões.

Buscando sempre soluções menos invasivas e focadas na recuperação completa dos pacientes, sua experiência em medicina regenerativa é um diferencial para quem busca resultados duradouros.

Curriculum Resumido

  • Medicina – Faculdade de Ciências Médicas – Belo Horizonte – MG
  • Especialização em Cirurgia do Joelho – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
  • Pós Graduação – Dr. Lair Ribeiro
  • Mestrado em Medicina – Santa Casa de Belo Horizonte
  • Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (Creditos) – UNIFESP 
  • Medicina Funcional Integrativa – Dr. Victor Sorrentino
  • Clínica da Dor – Hospital das Clínicas da UFMG
  • Medicina Regenerativa – UNICAMP
  • Fellowship em Cirurgia do Joelho – Hôpital de La Croix Rousse – Lyon – França
  • Residência em Ortopedia e Traumatologia – SBOT/MEC – Brasília-DF
  • Técnico em Química – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
  • SBOT – Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
  • SBRATE – Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte
  • SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício
  • SBCJ – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
  • SMBTOC – Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque
  • SBPML – Sociedade Brasileira de Perícias Médicas e Medicina Legal
  • ESSKA – European Society of Sports Traumatology, Knee Surgery and Arthroscopy
  • ISAKOS – International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine
  • ICRS – International Cartilage Repair Society
  • AAOS – American Academy of Orthopaedic Surgeons
  • ABOOM – Associação Brasileira Ortopédica de Osteometabolismo
  • ABPMR – Associação Brasileira de Pesquisa em Medicina Regenerativa
  • SBRET – Sociedade Brasileirta de Regeneração Tecidual
  • SBLMC – Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia
  • ABUM – Associação Brasileira de Ultrassonografia Musculoesquelética
  • CEO do Instituto Regenius
  • Médico Ortopedista 
  • Segundo-Tenente Médico do Exército Brasileiro (R/2)
  • Ex-Professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
  • Ex-Professor da Faculdade de Ciências Médias de Minas Gerais (CMMG) – Belo Horizonte / MG
  • Ex-Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)
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