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Bloqueio de Nervo Periférico e Bloqueio Genicular no Joelho
A dor no joelho é uma das queixas mais frequentes em ortopedia, especialmente em pacientes com artrose e sobrecarga funcional. Entre as opções minimamente invasivas, infiltrações no joelho e os bloqueios de nervos podem reduzir a dor e facilitar a reabilitação— em especial o bloqueio genicular — têm ganhado espaço por reduzirem a transmissão do sinal doloroso e, com isso, melhorarem a função e a qualidade de vida quando medidas conservadoras isoladas não são suficientes.
Nesta página, explicamos quando é indicado, como é feito e o que esperar do bloqueio de nervo periférico e do bloqueio genicular, com base em evidências atuais e nas melhores práticas de segurança.
Anatomia e mecanismos da dor no joelho
O joelho recebe fibras sensitivas de ramos articulares dos nervos femoral, obturador, safeno, fibular comum e tibial.
Ao redor da cápsula anterior do joelho, pequenos ramos conhecidos como nervos geniculares (p.ex., superomedial, superolateral e inferomedial) conduzem a maior parte da dor anterior da articulação. Em cenários como artrose, sinovite e sobrecarga mecânica, esses ramos podem amplificar o input nociceptivo, sustentando dor crônica.
O que é o bloqueio de nervo periférico (BNP)?
Definição. Procedimento em que o médico deposita anestésico local (eventualmente associado a corticoide ou outro adjuvante) próximo a um nervo para interromper temporariamente a condução dolorosa.
Objetivos. Alívio da dor, facilitação da fisioterapia, melhora de mobilidade e função.
Quando considerar. Dor refratária a medidas clínicas (analgésicos, fisioterapia, perda de peso), pacientes com contraindicação a cirurgia ou que desejam postergar um procedimento mais invasivo.
Segurança e contraindicações. Como qualquer intervenção, requer avaliação de risco (anticoagulação, distúrbios de coagulação, infecção local). Diretrizes recentes da ASRA para pacientes em uso de antitrombóticos orientam intervalos mínimos entre a suspensão de fármacos e bloqueios periféricos profundos, reforçando a importância de individualizar a conduta.
O que é o bloqueio genicular? (conceito, indicações e técnica)
Conceito. É um tipo específico de BNP direcionado aos nervos geniculares que inervam a cápsula anterior do joelho. Pode ser utilizado de forma diagnóstica/terapêutica (injeção de anestésico ± corticoide) e como passo prévio à ablação por radiofrequência (RFA) quando há boa resposta, visando efeito mais duradouro. Além do bloqueio e da radiofrequência, algumas condições podem se beneficiar da Medicina Regenerativa no joelho (como ácido hialurônico ou PRP, quando indicados). Estudos recentes mostram melhora de dor e função em osteoartrite de joelho, especialmente quando se utilizam técnicas de lesão maior (p.ex., resfriada) e seleção precisa de alvos.
Indicações usuais.
Dor por artrose de joelho refratária ao tratamento conservador.
Dor persistente após artroplastia, sem causa mecânica evidente.
Pacientes que não podem ou não desejam realizar cirurgia no momento.
Guias de imagem e pontos-alvo.
Ultrassom e radioscopia são as modalidades mais usadas para localizar os alvos próximos aos marcos ósseos e artérias geniculares. O ultrassom evita radiação e permite visualizar nervos/vasos superficiais; a radioscopia facilita a confirmação dos pontos ósseos clássicos — muitos serviços usam abordagem combinada para maior precisão.
Passo a passo simplificado.
Planejamento: mapear dor, revisar imagem (RX, ressonância quando necessário) e checar riscos (anticoagulantes, infecção local).
Bloqueio diagnóstico: depósito de anestésico local em 3 a 6 pontos (SM, SL, IM — e, em protocolos expandidos, outros ramos) com avaliação de alívio imediato/primeiras horas.
Se resposta significativa: considerar RFA (convencional ou resfriada) para prolongar o efeito analgésico.
O que o paciente pode esperar.
Procedimento ambulatorial, com anestesia local e retorno rápido às atividades leves.
Efeito do bloqueio diagnóstico em horas–dias; quando indicada, a RFA pode estender o benefício por meses, variando conforme técnica, seleção de alvos e perfil do paciente.
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Vantagens, riscos e limitações
Vantagens
Minimamente invasivo e poupador de função motora (bloqueio sensitivo), permitindo retorno rápido às atividades leves.
Opção para refratários ao tratamento conservador e/ou para quem quer adiar cirurgia; pode melhorar dor e função por semanas a meses, sobretudo quando há boa resposta ao bloqueio diagnóstico seguido de radiofrequência.
Riscos e eventos adversos (raros)
Hematoma/lesão vascular, especialmente próximo às artérias geniculares; há relatos de hematoma significativo após RFA.
Queimadura cutânea e neuropatia local foram descritas em relatos de caso após RFA.
Infecção e dor no trajeto da punção: incomuns, mas possíveis como em outros procedimentos percutâneos.
Limitações
Efeito temporal variável; parte dos estudos mostra benefício claro até 6 meses, com incerteza além de 12 meses dependendo da técnica e seleção de alvos.
Heterogeneidade de técnicas (3 vs 5 pontos, ultrassom vs radioscopia, RFA convencional vs resfriada), o que dificulta padronização e comparação direta dos resultados.
Quais efeitos esperados do bloqueio genicular? Há algum efeito colateral?
Efeitos esperados
Alívio da dor em horas a poucos dias após o bloqueio diagnóstico; quando indicada, a radiofrequência pode prolongar o benefício por semanas a meses.
Melhora funcional: caminhar mais, subir/descer escadas com menos dor e maior adesão à fisioterapia.
Resposta variável: cada paciente reage de forma diferente; o bloqueio diagnóstico ajuda a prever a chance de sucesso da radiofrequência.
Possíveis
efeitos colaterais (geralmente leves e transitórios)
Dor ou sensibilidade local, pequena mancha roxa (equimose) ou inchaço nos pontos de punção.
Dormência/parestesia passageira perto da área tratada.
Aumento transitório da dor nas primeiras 24–72h (mais comum após radiofrequência).
Raros: hematoma maior, infecção, queimadura cutânea (na radiofrequência), neurite ou alteração sensitiva prolongada. O uso de imagem (ultrassom/radioscopia), técnica asséptica e seleção adequada de pacientes reduzem esses riscos.
Importante: procure atendimento se houver febre, vermelhidão progressiva, calor local, secreção, dor intensa não controlada, sangramento persistente ou fraqueza motora significativa.
Quais os cuidados o paciente deve ter após o procedimento?
Curativo e higiene: manter o curativo seco por 12–24h; evitar imersão (banho de banheira/piscina/mar) por 24–48h.
Gelo e dor local: aplicar gelo 10–15 min, 3–4x/dia, nas primeiras 24–48h se houver desconforto.
Atividades: caminhadas leves normalmente são liberadas no mesmo dia; evite esforço intenso (corrida, agachamentos profundos, musculação pesada) por 24–48h ou conforme orientação.
Direção de veículos: se houve sedação, não dirigir por 12–24h; sem sedação, geralmente é permitido, desde que se sinta bem.
Medicações: mantenha analgésicos habituais conforme prescrição; não suspenda anticoagulantes/antiagregantes por conta própria.
Fisioterapia: retomar/ajustar em 24–72h, aproveitando a janela de alívio para fortalecer musculatura e melhorar função.
Retorno/seguimento: reavaliação em 2–6 semanas para medir resposta (dor/funcionalidade) e, se indicado, discutir radiofrequência para prolongar o efeito.
Conclusão e perspectivas futuras
O bloqueio genicular e outros bloqueios de nervo periférico representam uma estratégia segura, motor-poupadora e minimamente invasiva para dor crônica de joelho, sobretudo na osteoartrite refratária.
A literatura recente aponta redução de dor e melhora funcional após GNB e, principalmente, após RFA em candidatos selecionados, com perfil de complicações baixo — embora não nulo. O principal desafio é a padronização (alvos, número de pontos, tipo de RFA) e a duração do efeito além de 6–12 meses.
Ensaios clínicos pragmáticos, com desfechos funcionais e custo-efetividade, devem refinar a seleção de pacientes, comparar 3 vs 5 pontos e técnicas de RFA resfriada vs convencional, além de integrar protocolos com fisioterapia e controle de fatores mecânicos.
Referências
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https://europepmc.org/article/med/35006653 - Almeida M, et al. Efficacy and safety of minimally invasive interventions targeting the genicular nerves in knee OA (revisão sistemática). Osteoarthritis and Cartilage. 2025.
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O Autor
Dr. Otávio Melo é médico ortopedista especialista em joelho na cidade de Belo Horizonte. Com uma abordagem que integra tratamentos inovadores e tecnológicos para a saúde ortopédica, atua na prevenção e tratamento de lesões.
Buscando sempre soluções menos invasivas e focadas na recuperação completa dos pacientes, sua experiência em medicina regenerativa é um diferencial para quem busca resultados duradouros.
Curriculum Resumido
					 Formação 
							
			
			
		
						
				- Medicina – Faculdade de Ciências Médicas – Belo Horizonte – MG
 - Especialização em Cirurgia do Joelho – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
 - Pós Graduação – Dr. Lair Ribeiro
 - Mestrado em Medicina – Santa Casa de Belo Horizonte
 - Doutorado em Saúde Baseada em Evidências (Creditos) – UNIFESP
 - Medicina Funcional Integrativa – Dr. Victor Sorrentino
 - Clínica da Dor – Hospital das Clínicas da UFMG
 - Medicina Regenerativa – UNICAMP
 - Fellowship em Cirurgia do Joelho – Hôpital de La Croix Rousse – Lyon – França
 - Residência em Ortopedia e Traumatologia – SBOT/MEC – Brasília-DF
 - Técnico em Química – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
 
					 Afiliações 
							
			
			
		
						
				- SBOT – Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
 - SBRATE – Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte
 - SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Exercício
 - SBCJ – Sociedade Brasileira de Cirurgia do Joelho
 - SMBTOC – Sociedade Médica Brasileira de Tratamento por Ondas de Choque
 - SBPML – Sociedade Brasileira de Perícias Médicas e Medicina Legal
 - ESSKA – European Society of Sports Traumatology, Knee Surgery and Arthroscopy
 - ISAKOS – International Society of Arthroscopy, Knee Surgery and Orthopaedic Sports Medicine
 - ICRS – International Cartilage Repair Society
 - AAOS – American Academy of Orthopaedic Surgeons
 - ABOOM – Associação Brasileira Ortopédica de Osteometabolismo
 - ABPMR – Associação Brasileira de Pesquisa em Medicina Regenerativa
 - SBRET – Sociedade Brasileirta de Regeneração Tecidual
 - SBLMC – Sociedade Brasileira de Laser em Medicina e Cirurgia
 - ABUM – Associação Brasileira de Ultrassonografia Musculoesquelética
 
					 Atuação 
							
			
			
		
						
				- CEO do Instituto Regenius
 - Médico Ortopedista
 - Segundo-Tenente Médico do Exército Brasileiro (R/2)
 - Ex-Professor da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
 - Ex-Professor da Faculdade de Ciências Médias de Minas Gerais (CMMG) – Belo Horizonte / MG
 - Ex-Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB)